quarta-feira, 22 de abril de 2015
Carta aos Deputados Federais membros da Comissão Especial de Elaboração da Proposta de
Emenda à Constituição Federal que Reduz a Maioridade Penal no Brasil.
"Bem
-
aventurados os q
ue têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
Bem
-
aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
Bem
-
aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos
céus;
Bem
-
aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o
mal contra vós por minha causa".
Evangelho de São Mateus
A Pastoral do Menor, organismo da CNBB, à luz do Evangelho e em consonância com o
posicionamento da própr
ia CNBB, considerando toda a discussão ocorrida nos últimos meses
acerca da Proposta de Emenda à Constituição Federal que Reduz a Maioridade Penal no Brasil,
deseja reafirmar a própria posição totalmente contrária à essa modificação.
O Papa Francisco ao a
colher a delegação da Associação Internacional de Direito Penal, no dia
23 de outubro de 2014 tem afirmado:
“...vivemos em tempos nos quais, tanto por parte de alguns sectores da política como de
certos meios de comunicação, por vezes se incita a violênci
a e a vingança, pública e privada,
não só contra quantos são responsáveis por ter cometido delitos, mas também contra aqueles
sobre os quais recai a suspeita, fundada ou não, de ter infringido a lei.
...há por vezes a tendência a construir deliberadamente
inimigos: figuras estereotipadas, que
concentram em si todas as características que a sociedade sente ou interpreta como
ameaçadoras. Os mecanismos de formação destas imagens são os mesmos que, outrora,
permitiram a expansão das ideias raciais.
...deplor
áveis condições de detenção que se verificam em diversas partes do planeta
constituem muitas vezes um autêntico aspecto desumano e degradante, sendo muitas vezes o
produto das imperfeições do sistema penal, outras, da carência de infraestruturas e de
plani
ficação, e em muitos casos mais não são que o resultado do exercício arbitrário e cruel do
poder sobre as pessoas privadas da liberdade.
Os Estados devem abster
-
se de castigar penalmente as crianças, que ainda não completaram o
seu desenvolvimento para a
maturidade e por este motivo não podem ser acusadas. Ao
contrário, elas devem as destinatárias de todos os privilégios que o Estado é capaz de oferecer,
quer no que diz respeito a políticas de inclusão quer no respeitante a práticas que se orientam
para fa
zer crescer nelas o respeito pela vida e pelos direitos dos outros”.
As palavras do Papa nos permitem discernir sobre o tema da redução da maioridade penal nos
colocando claramente diante de uma decisão que vai bem além de uma mera questão
legalista, pois
necessariamente nessa arena atual de discussão se confrontam dois grandes
blocos de valores humanos.
De um lado podemos priorizar os valores da vingança, ódio, discriminação, encarceramento,
total ausência de oportunidade, confinamento e de uma forte ten
dência a um perigoso
higienismo social. Do outro lado temos os valores cristãos dos direitos humanos, dos processos
de oportunidade e respeito absoluto à pessoa humana, da presença de uma tolerância
educativa e restaurativa, de ações preventivas que possam
interromper esse ciclo de violência
e, sobretudo o valor da vida e não da morte. Afinal essa é a escolha necessária diante dessa
proposta.
Prezados Deputados e Prezadas Deputadas da Comissão Especial, a Pastoral do Menor, em
total afinidade com a posição
do Papa Francisco e norteada pela Palavra de Deus que quer vida
em abundância para todos e não morte e castigo social, reafirma a posição contrária a redução
da maioridade penal.
Semeemos fraternidade, igualdade, amor, justiça, igualdade e equidade socia
l, assim não será
necessário reduzir os direitos de nenhuma pessoa humana.
Atenciosamente,
Dom Luiz Gonzaga Fechio
Bispo referencial da Pastoral do Menor
Belo Horizonte, abril de 2015
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